Eu vi...
I
XII
Eu vi... Teus olhos chorarem, Eu
vi... A montanha fria,
Choro de pura alegria. Estava eu, tremelicando,
Vi... Os fieis a rezarem, Vi... Neve, e tanta caí,
Preces à Virgem Maria. Ouvi, vento assobiando.
II XIII
Eu vi... Teu largo sorriso, Eu vi... Quando o abrir,
Sempre um sorrir de fineza. Da linda rosa em
botão.
Vi... Teu lar, teu paraíso... Vi...
O charme do teu, sorrir,
“fartura de pão na mesa” É teu sorriso paixão!
III XIV
Eu vi... Crianças brincarem, Eu vi... A água correndo,
Brincadeiras tão sadias. Para o mar, água do rio.
Vi... Casais se enlaçarem, Vi... Meu canário morrendo,
“bom seria, todos os dias!” Da tremedeira, do frio.
IV
XV
Eu vi...
Água borbulhar,
Eu vi... O tiro certeiro,
Borbulhas, tão cristalinas. Logo caiu o ladrão.
Vi... Tão pertinho do mar, Vi...
Após, o seu coveiro,
A brancura das salinas. Lançar a terra ao cachão.
V XVI
Eu vi... A chuva regar, Eu vi... O verde dos campos,
Lindo canteiro, só de flores. E lá, o
trigo dourado.
Vi a toalha enxugar, Vi... Choro de mãe, em prantos,
Não só um, mas dois amores. Por seu filho já drogado.
VI
XVII
Eu vi... Teus olhos abertos, Eu vi... O namoriscar,
Fechados quando no leito. “julgavam estar a sós”
Vi... Senti a
descoberto, Vi...
Os dois a copular,
A rigidez do teu peito. E o filho, meses após.
VII
XVIII Eu vi... Eram horas mortas, Eu vi... Muitas andorinhas
O brilho da lua-cheia. Na primavera,
chegarem,
Vi... Após, dentro de
portas, Vi...
Ervas secas, daninhas,
A luz frouxa da candeia. Tantas no bico
levaram.
VIII XIX
Eu vi... Nascer os meus
filhos, Eu vi... Um
ninho perfeito,
A mãe, partos, suas dores. E do barro,
endurecido,
Vi... Lindos olhos, seus
brilhos. Vi... O casal já no leito,
“são eles nossos amores!” O grupinho enternecido.
-segue,
abaixo-
-segue
abaixo-
X XXI
Eu vi... Um pobre chorar Queria ver...
Sim, também,
Tanto chorava, e só. Nosso
mundo unificado,
Vi... O rico barafustar, O
sorriso daquela mãe,
Fechou-lhe a porta, sem dó! Por seu filho, já curado!
XI
XXII
Eu vi... No caramanchão, Como
eu quero! Quem me dera
O colibri esvoaçar. Viver... Uns aninhos mais,
Vi... Na selva, no seu chão,
Sabendo da vossa espera:
A jibóia, rastejar. Mais versos deste Zé Pais.
Niterói/Dez/2013
José Pais de Moura Simões
“aos
leitores, feliz 2014”
Foto: Imagens do Google
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