sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Dia Nacional da Língua Portuguesa - 5 de Novembro


Dia Nacional da Língua Portuguesa - 5 de Novembro





Lei que institui o Dia Nacional da Língua Portuguesa
D.O.U. - 02/07/2006 14:40:49


Dia Nacional da Lingua Portuguesa


Presidência da República do Brasil


CASA CIVIL


da Subchefia para Assuntos Jurídicos





LEI Nº 11.310, DE 12 DE JUNHO DE 2006.




Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1o É instituído o Dia Nacional da Língua Portuguesa a ser celebrado
anualmente no dia 5 de novembro, em todo o território nacional.
Art. 2o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 12 de junho de 2006; 185o da Independência e 118o da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Fernando Haddad
João Luiz Silva Ferreira



Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 13.6.2006








NOSSA LÍNGUA PORTUGUESA
Paulo Gondim
18/11/2007

No velho mundo, surgiu
Toda cheia de beleza
Cruzou mares, se expandiu

Trouxe toda realeza
O novo mundo encantou
Nossa língua portuguesa

Chegou, por aqui, ficou
Um orgulho da nação
A todos unificou

Do litoral ao sertão
De sul ao norte e sudeste
É a língua da nação

Na caatinga e no agreste
Do Oiapoque ao Chuí
Fala-se a língua de mestre

Ela deixou por aqui
A palavra coração
E outras que já ouvi

Uma cheia de emoção
Que chamamos de saudade
Que nos trás desilusão

E nos quebra a vaidade
Se sofremos de paixão
Pedimos por caridade

Pedimos por compaixão
Só um pouquinho de afeto
Só um pouco de atenção

Essa língua é mesmo um teto
Que acolhe a todos nós
E todos nos faz mais perto

Língua de nossos avós
Da terra mãe lusitana
Do Além Tejo até a foz

Que duas pátrias irmana
Num só falar tão singelo
Que a todos nós engalana

Em homenagem ao poeta português, Manuel Neves (mfn), que se refere ao Brasil como terra irmã. 





"ÚLTIMA FLOR DO LÁCIO, INCULTA E BELA"




A expressão "Última flor do Lácio, inculta e bela" é o primeiro verso de um famoso poema de Olavo Bilac, poeta brasileiro que viveu no período de 1865 a 1918. Esse verso é usado para designar o nosso idioma: a última flor é a língua portuguesa, considerada a última das filhas do latim. O termo inculta fica por conta de todos aqueles que a maltratam (falando e escrevendo errado), mas que continua a ser bela.








LÍNGUA PORTUGUESA

Olavo Bilac





Última flor do Lácio, inculta e bela, 
És, a um tempo, esplendor e sepultura: 
Ouro nativo, que na ganga impura 
A bruta mina entre os cascalhos vela...

Amo-te assim, desconhecida e obscura, 
Tuba de alto clangor, lira singela, 
Que tens o trom e o silvo da procela 
E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma 
De virgens selvas e de oceano largo! 
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

Em que da voz materna ouvi: "meu filho!" 
E em que Camões chorou, no exílio amargo, 
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!







OUTROS textos e POEMAS SOBRE A LÍNGUA PORTUGUESA





Gosto de dizer. Direi melhor: gosto de palavrar. As palavras são para mim corpos tocáveis, sereias visíveis, sensualidades incorporadas. Talvez porque a sensualidade real não tem para mim interesse de nenhuma espécie - nem sequer mental ou de sonho -, transmudou-se-me o desejo para aquilo que em mim cria ritmos verbais, ou os escuta de outros. Estremeço se dizem bem. Tal página de Fialho, tal página de Chateaubriand, fazem formigar toda a minha vida em todas as veias, fazem-me raivar tremulamente quieto de um prazer inatingível que estou tendo. Tal página, até, de Vieira, na sua fria perfeição de engenharia sintáctica, me faz tremer como um ramo ao vento, num delírio passivo de coisa movida.

Como todos os grandes apaixonados, gosto da delícia da perda de mim, em que o gozo da entrega se sofre inteiramente. E, assim, muitas vezes, escrevo sem querer pensar, num devaneio externo, deixando que as palavras me façam festas, criança menina ao colo delas. São frases sem sentido, decorrendo mórbidas, numa fluidez de água sentida, esquecer-se de ribeiro em que as ondas se misturam e indefinem, tornando-se sempre outras, sucedendo a si mesmas. Assim as ideias, as imagens, trémulas de expressão, passam por mim em cortejos sonoros de sedas esbatidas, onde um luar de ideia bruxuleia, malhado e confuso.
Não choro por nada que a vida traga ou leve. Há porém páginas de prosa que me têm feito chorar. Lembro-me, como do que estou vendo, da noite em que, ainda criança, li pela primeira vez numa selecta o passo célebre de Vieira sobre o rei Salomão. "Fabricou Salomão um palácio..." E fui lendo, até ao fim, trémulo, confuso: depois rompi em lágrimas, felizes, como nenhuma felicidade real me fará chorar, como nenhuma tristeza da vida me fará imitar. Aquele movimento hierático da nossa clara língua majestosa, aquele exprimir das ideias nas palavras inevitáveis, correr de água porque há declive, aquele assombro vocálico em que os sons são cores ideais - tudo isso me toldou de instinto como uma grande emoção política. E, disse, chorei: hoje, relembrando, ainda choro. Não é - não - a saudade da infância de que não tenho saudades: é a saudade da emoção daquele momento, a mágoa de não poder já ler pela primeira vez aquela grande certeza sinfónica.
Não tenho sentimento nenhum político ou social. Tenho, porém, num sentido, um alto sentimento patriótico. Minha pátria é a língua portuguesa . Nada me pesaria que invadissem ou tomassem Portugal, desde que não me incomodassem pessoalmente. Mas odeio, com ódio verdadeiro, com o único ódio que sinto, não quem escreve mal português, não quem não sabe sintaxe, não quem escreve em ortografia simplificada, mas a página mal escrita, como pessoa própria, a sintaxe errada, como gente em que se bata, a ortografia sem ípsilon, como o escarro directo que me enoja independentemente de quem o cuspisse.
Sim, porque a ortografia também é gente. A palavra é completa vista e ouvida. E a gala da transliteração greco-romana veste-ma do seu vero manto régio, pelo qual é senhora e rainha.



["Livro do Desassossego", por Bernardo Soares. Vol. I, Fernando Pessoa.]







SONETO À LÍNGUA PORTUGUESA

(Publicado no Livro Gota de Orvalho, de Waldin de Lima, poeta gaúcho, no ano de 1989)





Havia luz pela amplidão suspensa 
no azul do céu, vergéis e coqueirais... 
e o Lácio, com fulgores divinais, 
abrigava de uma virgem a presença...

Era um castelo de ouro, amor e crença, 
que igual não houve, nem haverá jamais... 
Onde os poetas encontraram ideais 
na poesia nova, n'alegria imensa...

A virgem era a Língua portuguesa, 
a mais formosa e divinal princesa, 
vivendo nos vergéis de suave aroma!

Donzela meiga que, deixando o Lácio, 
abandona os umbrais do seu palácio, 
para ser de um povo o glorioso idioma!...





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