Quarenta dias entre céu e mar terminam sob aplausos

Carla Vidal




Passar quarenta dias longe da família e dos amigos já não é muito interessante, mas ficar durante todo esse tempo em alto mar, dormindo mal, se alimentando de comida desidratada, é tarefa para poucos. Mas três brasileiros, um deles niteroiense, realizaram esse feito, que chegou ao fim ontem à noite, mais precisamente às 19h55.

Comandado por Torben Grael, o barco Ericsson 4 cruzou a linha de chegada da quinta perna da regata Volvo Ocean Race (regata de volta ao mundo), em frente à Marina da Glória, em segundo lugar, sobre calorosos aplausos. De Qingdao, na China, até o Rio de Janeiro a tripulação do barco sueco, composta por 11 homens, passou por várias adversidades, mas nada que não seja recompensado por um bom banho e uma ótima noite de sono.

"Passamos por calmaria, calor e frio. Um dos momentos mais complicados foi a passagem pelo Cabo Horn, pois tivemos um problema técnico no leme e chegamos a ficar alguns minutos sem comando. Além disso, a comida teve de ser racionada nos últimos dois dias. Mas, depois de tudo isso chegar aqui e encontrar essa recepção não tem preço", disse o niteroiense Torben Grael.

Para se ter uma ideia das complicações passadas pela tripulação, até papel higiênico faltou nos últimos dois dias.

"Numa regata como essa tudo é contabilizado. Saímos com uma previsão de chegada de 38 dias, então realmente o papel higiênico acabou. Apesar disso, não ficamos sujos, pois tinha lenços umedecidos a bordo", contou Torben, com um largo sorriso no rosto.

Agora o velejador não pensa em outra coisa que não seja chegar em casa.

"Estou desejando um bom churrasco, mas isso vai ficar para amanhã (hoje)", finalizou.




O Fluminense