sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Brasileiro, Seja Mais Educado!



Pesquisando,folheando...alguns materiais,eu encontrei esse artigo excepcional, escrito pelo jornalista, escritor e professor,Fernando de Aviz.
Cotidiano...


"Imagens da má educação"



Pego carona no filme de Almodóvar - "A Má Educação" - , com foco essencial na mentira, e comprovo em nosso cotidiano várias deseducações:


Escolas públicas, inúmeras, sem alunos. Caiu mais um secretário de Educação no Estado do Rio e a desordem educacional prossegue. Persistente o maldito círculo vicioso: mestres competentes e incompetentes recebem, igualmente, parcos salários. Quando nossos professores e escolas serão avaliados - como já se faz na Europa e nos Estados Unidos, por exemplo - visando as promoções e elevações salariais condizentes com seus reais méritos?


No shopping, nas ruas apinhadas nos coletivos superlotados, quantos empurram os outros, ou pisam no pé do próximo, sem qualquer pedido de desculpa? Triunfo infeliz da grosseria, ou da má educação;


Condutores de veículos, em considerável número, ignoram leis e regras mínimas de harmônica conviência no trânsito. Muitos fazem dos seus carros autênticas armas de arrogância e prepotência. Código de Trânsito "frouxo", pardais safados" -estrategicamente colocados mais para multar e não para educar - ,ou, ao fim, aquém e além das "punições", a triste vitória da má educação?


Poucos, pouquíssimos, os que cedem seus lugares - em múltiplos ambientes - aos mais velhos, aos doentes, ou às grávidas. Vozes "modernas" dizem que isso é coisa de gente antiga, panaca. O que conta, agora, é a esperteza, o " se dar bem". A boa educação não interessa, o que tem pressa é a má educação;


Aqui e ali, às vezes à luz do dia, pessoas fazem xixi nas ruas, ou nas praças, às escâncaras. Quem não gostar do "espetáculo", que vire a cara. Faltam banheiros públicos, falta decoro e, sem dúvida, falta educação. A via pública virou "privada".


Chavez não calou a boca, a despeito de advertência do Rei da Espanha. Fidel, com sua longa e autoritária fala, proclamou excelências da educação cubana, mas foi visível exemplo de má educação - ameaças a opositores e a todos que discordassem de suas "verdades". A má educação é assim: não aceita contestações.


Meninos sem conta arrastados pelas malhas do tráfico de drogas, ou enredados em descaminhos vários, à Big Brother, isso é, "aprendendo" que o importante é vencer a qualquer preço, ou por bom preço. De olho no "milhão", quem vai pensar em educação? Recentemente, o antropólogo Roberto da Matta registrava, mais uma vez, nosso gosto pelas leis e nossa má vontade com campanhas educacionais. Sim, leis criam escolas, cursos e até nomeiam professores, mas o ensino quase sempre é negligenciado. Leis boas, educação má. Haja paciência!


Talvez possamos combater a má educação com a prática dos velhos "epílogos" de Gregório de Matos: " Que falta nesta cidade?... Verdade/Que mais por sua desonra... Honra/Falta mais que se lhe ponha... Vergonha". Com verdade, honra e vergonha, quem sabe? Talvez cheguemos à esperada sã educação.


Fonte: Revista O Flu

Março de 2008 - Número 34.

Por: Fernando de Aviz

2 comentários:

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