quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Agressões Contra as Mulheres


Em 68% dos casos as agressões contra mulheres acontecem em casa




D. chegou a ser sequestrada e surrada pelo ex-companheiro  Foto: André Redlich



Por: Pâmela Souza 17/10/2010

Levantamento de núcleo de pesquisa da UFF mostra que a violência sexual ou doméstica atinge, principalmente, aquelas que têm entre 18 e 40 anos e são casadas

Levantamento de núcleo de pesquisa da UFF mostra que a violência sexual ou doméstica atinge, principalmente, aquelas que têm entre 18 e 40 anos e são casadas
A violência doméstica ou sexual contra mulheres atinge principalmente a faixa etária de 18 a 40 anos. Levantamento realizado pelo Núcleo de Pesquisa Histórica sobre Proteção Social (NPHPS) da Universidade Federal Fluminense (UFF) mostra, ainda, que 58% das mulheres abusadas sexualmente são solteiras e a maioria foi atacada em locais públicos. O horário em que há mais registros é entre 23 e 5 horas da madrugada. Dentre as que sofrem violência física, 68% são casadas ou estão em uma união estável e são agredidas em casa. A maioria é branca.
Esses são dados preliminares do estudo, ainda não concluído, que integra o projeto de criação do Observatório de Violência Contra Mulheres de Niterói. A pesquisa comporta dados de junho de 2006 a agosto 2009, obtidos por meio dos formulários de atendimento da Coordenação dos Direitos das Mulheres de Niterói (Codim), da Delegacia de Atendimento Especial à Mulher (DEAM) e do SOS Mulher (projeto do Hospital Universitário Antônio Pedro).       
A pesquisadora e professora de Serviço Social da UFF Rita de Cássia Santos Freitas, uma das responsáveis pelo núcleo de pesquisa, ressalta que o universo da pesquisa é formado por mulheres que são atendidas pelo setor público da cidade.
“Não podemos ter essa pesquisa como o perfil da mulher niteroiense, pois há mulheres que sofrem o abuso e procuram ajuda na iniciativa privada”, ressalta.   
A violência contra a mulher não é só física ou sexual, mas também psicológica. A doutora garante que há mulheres que não registram queixa por não saber que podem dizer não.
“Por exemplo, o estupro conjugal no caso de marido e mulher é pouco denunciado. Por exemplo, o Centro Especial à Mulheres de São Gonçalo, que é referência nacional, só registrou três casos em 13 anos de funcionamento”, afirma Rita. Segundo ela, o Centro Especial à Mulheres de São Gonçalo, que é referência nacional só registrou três casos em 13 anos de funcionamento.
A delegada da Delegacia de Atendimento Especial à Mulher, Alba Maria Alves Ferreira, esclarece que o quadro no ambiente doméstico varia.
“Algumas mulheres dizem que sofrem a violência há anos, outras dizem que é a primeira vez, mas a maioria é agredida pelo companheiro ou ex-marido”, explica.
A alternativa para muitas mulheres que são vítimas de agressão é sair de casa. Mãe de uma menina de oito anos, a faxineira Wilma Carla Rodrigues dos Anjos, 28 anos, diz que cansou de sofrer agressões verbais, físicas e tortura psicológica do ex-marido e saiu de vez de casa em junho.   
“Morei com ele por nove anos e já tinha tentado sair de casa em 2008. Voltei porque ele foi me buscar e prometeu que tudo seria diferente. Mas, meses depois, as cenas de violência voltaram a se repetir”, conta a vítima, que já registrou quatro boletins de ocorrência contra o ex-companheiro.
Traumatizada, Wilma não pensa em ter outro relacionamento tão cedo. Agora, só quer cuidar da filha.

Ocorrências – Mas não é preciso muito tempo de relacionamento para que o agressor desperte o lado violento. Para a assessora de marketing D. M. D, 23 anos, quatro meses morando com o namorado foi tempo suficiente para que as agressões começassem. 
“Enquanto estávamos juntos, ele chegou a quebrar um copo no meu pé, jogar um vidro em mim, cuspir e jogar coisas no meu rosto. Terminamos há quatro meses e ele me perseguia. No início de outubro, ele me sequestrou na rua, me levou para casa e me surrou”, conta. 
Seu corpo está marcado por hematomas, o braço direito está quebrado e o esquerdo deslocado.

“Ele parecia ser o melhor homem do mundo, o mais perfeito. Eu havia depositado nele minhas expectativas de casamento, meus sonhos. Não imaginava que algo assim pudesse acontecer”, diz D.M.D..
Cristiane Coutinho, psicóloga do Codim, diz que a mulher deve registrar na polícia quantas ocorrências forem necessárias.
“A vítima não pode desistir se depois do primeiro registro  ela voltar a ser agredida”, explica. 
As mulheres que precisam de ajuda para conter agressores podem procurar a delegacia mais próxima ou recorrerem à Central de Atendimento à Mulher, ligando para 180.


O Fluminense

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Não serão aprovados os comentários:

* ofensivos/com palavrões;
* não relacionados ao tema do post;
* com SPAM;

* Para outros assuntos:
Entre em Contato - rosemaryqsilva@gmail.com.br
* Todos os comentários serão respondidos AQUI.
* Comente, opine, discorde, concorde etc. Por favor, sugira por e-mail.

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails