Síndrome de Burnout: rotina desgastante oferece sérios riscos
Por: Danilo Motta 03/10/2010
Doença conhecida como síndrome do esgotamento profissional causa depressão, baixa imunidade e comportamento agressivo. Cuidados no tratamento são necessários
Depressão, baixa imunidade, sono ruim, descaso com as necessidades pessoais e comportamento agressivo. Estes são alguns dos sintomas da Síndrome de Burnout, também conhecida como síndrome do esgotamento profissional. O Brasil é o segundo país do mundo cuja população apresenta maior nível de estresse. Sete em cada dez brasileiros reclamam de estresse no trabalho. Destes, pelo menos três sofrem da chamada Síndrome de Burnout. Apesar de dar sinais semelhantes ao do estresse comum, decorrente de uma jornada de trabalho mais longa, o Burnout exige mais cuidados no tratamento e diagnóstico.
A psicóloga especialista em estresse Fátima Bittencourt afirma que a síndrome está relacionada ao modo como uma pessoa se relaciona com as pressões decorrentes do trabalho, mas não há um perfil de quem pode ser acometido pela doença.
“O que muitos não percebem é que junto com a rotina desgastante vem, também, malefícios como o estresse, que assim como qualquer outra doença, necessita ser tratado para que não se torne algo maior, transformando-se na Síndrome de Burnout. Atualmente, as mulheres sofrem mais com a síndrome em função das jornadas profissionais e familiar”, comenta.
Fátima explica que o tratamento deve ser feito de forma multidisciplinar. Há o processo medicamentoso, com remédios prescritos por um psiquiatra, e seguido de acompanhamento psicológico e neuropsicológico.
“Após o paciente ser avaliado, ele será tratado de acordo com o estágio da síndrome. A psicoterapia pode ajudar o indivíduo a entender melhor a sua relação com o trabalho e ajudar na reeducação de hábitos de vida. Já o médico pode ajudar no diagnóstico e no tratamento de transtornos e doenças ocasionados ou relacionados ao Burnout. Além disso, bons hábitos são fundamentais na prevenção. Isso significa ter alimentação balanceada, praticar atividades físicas, possuir um hobbie e saber gerenciar o tempo para si e para a família”, completa a especialista.
Alterações no comportamento
Quem já foi acometido pela doença concorda que pequenas alterações de comportamento são primordiais na recuperação. Foi o caso do empresário David de Oliveira, 27 anos. Há seis meses, ele diagnosticou o Burnout e deu início ao tratamento com um psicólogo. Hoje, diz que sua vida melhorou em vários aspectos.
“Eu mesmo não tinha noção do quanto andava estressado. Foram meus amigos que perceberam. Hoje, separo um tempo para sair com eles e ficar com a família, essas atividades pequenas que fazem toda a diferença na nossa vida”, conta.
David chegou a contabilizar 12 horas diárias de trabalho, sem contar as cerca de seis horas que passava no trânsito para ir de casa, em Itaboraí, para o trabalho, na Barra da Tijuca, e voltar no fim do dia. Ao término desta jornada, ele ainda ligava seu computador pessoal para fazer pesquisas de novos projetos para a empresa.
“Comecei a ter perda de memória e não dormia bem, ficava pensando no trabalho. Acabei prejudicando meu rendimento profissional. Às vezes a gente fica tão focado na empresa, que esquece de todo o resto”, lembra ele.
Criar prioridades
Preso no trânsito cerca de sete horas diárias por conta de seus três empregos e a faculdade, o estudante Rafael Godinho, 23, também começou a apresentar sintomas de estresse exagerado. Com imunidade baixa, começou a ficar doente com frequência. Como resultado, teve que escolher apenas um emprego.
“A gente quer alcançar objetivos profissionais rapidamente e no fim das contas acaba não tendo saúde para usufruir. A vantagem é que mesmo faltando aulas na faculdade, eu já via aquela matéria toda na prática, então, tive as melhores médias naquele semestre”, brinca.
O Fluminense
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