Depois das Obras, a Alameda ficou Mais Perigosa.

Alameda São Boaventura tem média de um acidente registrado por dia

Por: Pamela Araújo e Thaís Sousa 17/10/2010

Números da Polícia Militar disponibilizados pela NitTrans mostram que em sete meses de operação, foram 250 ocorrências na via. Clique aqui e assista ao vídeo na TV O FLU

O Corredor Metropolitano da Alameda São Boaventura tem registrado uma média de um acidente por dia, de acordo com dados da Polícia Militar, disponibilizados pela Niterói Transporte e Trânsito (NitTrans). Em sete meses de operação, foram 250 ocorrências, sendo 236 colisões, 13 atropelamentos e uma capotagem.

A imprudência dos pedestres tem engrossado as estatísticas. Do total de casos, 5,2% são atropelamentos. Apesar das campanhas e cartazes informativos da NitTrans e do Governo do Estado sobre a importância de os pedestres utilizarem as faixas para travessia e o perigo de cruzar a via fora dos locais corretos, cenas de desobediência às regras de trânsito são flagrantes. Em trechos onde não há grades de proteção, a população atravessa em locais inadequados.

No último dia 8, uma mulher e uma criança, de apenas quatro anos, foram atropeladas por um coletivo, na altura da Rua João Brasil. Elas atravessavam a pista fora da faixa de pedestres. Em agosto, um homem foi atropelado por uma motocicleta ao atravessar a Alameda São Boaventura, também fora da faixa. Em junho, um aposentado morreu atropelado, em situação semelhante.

Para a cantora Evelyn Alfradique, de 27 anos, moradora do Fonseca, há poucas faixas de pedestres na via.

“A distância entre os pontos de travessia é grande”, opina.

O garçom Marcelo Carvalho, de 36, afirma que a criação do Corredor Metropolitano foi positiva para o trânsito, principalmente para quem utiliza transporte coletivo. No entanto, ele acredita que alguns ajustes ainda precisam ser feitos na via expressa.

“Acho que a fase ainda é de adaptação e de ajustes. Por enquanto, na minha opinião, o ordenamento é prioridade”, acredita.

Pressa e falta de atenção de pedestres

No Centro de Niterói, a situação também é preocupante. A média na Avenida Visconde do Rio Branco é de um acidente a cada dois dias. Segundo a NitTrans, de janeiro a agosto deste ano foram registrados 145 acidentes na via, sendo 10 atropelamentos e 135 colisões.

Em novembro, mais três casos de lesão corporal culposa foram registrados na 76ª DP (Centro), envolvendo acidentes com vítimas naquela avenida. No dia 4 deste mês, Marcelo Passos, de 37 anos morreu após ser atropelado por uma motocicleta. E na última terça-feira, um homem, que estaria bêbado, perdeu o equilíbrio e se projetou em frente a um ônibus.

Segundo pedestres e motoristas, a sinalização ineficiente aliada à falta de tempo ou mesmo de atenção da população contribui para a estatística.

“O sinal demora muito para fechar. E a gente acaba se arriscando quando vê que não há veículos vindo”, diz a jornalista Priscila Reis, 28 anos, flagrada atravessando as pistas em frente à estação das Barcas com o sinal verde.

De acordo com quem passa pelo local, os principais acidentes concentram-se nas travessias em frente ao Terminal Rodoviário João Goulart e à estação das Barcas, onde há maior fluxo de pessoas.

“Piorou após fecharem uma das passagens de pedestres por causa do retorno para a Zona Sul (em frente à Rua São João). Isto só aumentou a imprudência, pois agora as pessoas passam até pelo meio da pista de retorno. O caos reina aqui na via e não há nenhum guarda de trânsito para ajudar. Também não é raro flagrar motoristas em alta velocidade ou parando em cima das faixas de pedestres e ao acesso a cadeirantes”, reclama a advogada Fernanda Tenório, 33 anos.

O presidente da NitTrans, Sérgio Marcolini informou que o órgão vai reavaliar a questão do trânsito próximo à Rua São João. Ele diz, ainda, que as campanhas de conscientização de pedestres serão intensificadas no local. Em relação aos guardas de trânsito, informou que eles atuam na avenida pela manhã e à tarde.

Motociclistas engrossam estatísticas

Procurada, a Prefeitura de Niterói assinalou que, em junho deste ano, teve início a campanha “Acidente de Trânsito tem Remédio”, segunda fase do Programa Niterói por Um Trânsito Mais  Humano, com o objetivo de reduzir os acidentes na cidade. Para o fim deste mês, estão programadas barreiras educativas sobre os cuidados necessários para aumentar a segurança de condutores e caronas. Em seguida, estão previstas ações intensas de caráter repressivo.

Ainda de acordo com o Executivo municipal, na primeira fase do programa, foi realizada pesquisa para determinar os grupos e locais de risco no trânsito, e concluiu-se que há um predomínio de motociclistas entre as vítimas de acidentes de trânsito nas ruas do município, com 31% do total. Já os pedestres, são quase 20% da estatística e os passageiros de automóveis e ônibus, 18%.

A notícia boa é que dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) do Rio de Janeiro, baseados em informações fornecidas pelas delegacias de Niterói e Maricá (área do 12º Batalhão), apontam que o número de vítimas fatais de crimes de trânsito no acumulado de janeiro a julho deste ano diminuiu em relação ao mesmo período do ano passado. Foram 79 homicídios culposos (quando não há intenção de matar) em 2009 contra 53 em 2010.

O Fluminense

Fonte: http://jornal.ofluminense.com.br/editorias/cidades/um-acidente-por-dia-na-alameda-sao-boaventura